sábado, 3 de outubro de 2015

O Circo Desceu à Cidade

Recordo com saudade os longínquos anos 60 quando, na quadra do Natal, ia com as minhas Tias e Avós ao Coliseu ver o Circo. O meu Avô trabalhava nos vinhos Constantino cuja fama, “já vem de longe”! Era guarda-livros (hoje, depois de sermos Contabilistas, chamam-nos “Técnicos de Contas”, até temos Ordem e tudo.) Numa das últimas sextas-feiras antes do Natal, e reunida a família de véspera, proclamava: “Amanhã vamos ao Circo”!

As estolas a cheirar a mofo saíam dos armários, os chapéus guardados em caixas e colocadas em cima do guarda-fatos escovavam-se, as senhoras aplicavam as “plumes d'oiseaux” no alto, e as joias de família emergiam como que por encanto das múltiplas gavetas do “port-bibelot”. O meu Avô saía do emprego, metia-se no elétrico até à Praça da Batalha e descia para o Coliseu onde aguardava pela família, “moi même” incluído, à hora rigorosamente marcada. Por acaso foi lá que vi um leão: O Leão da Estrela que já passou 327 vezes na RTP.
O espetáculo tinha todos os ingredientes. Trapezistas, cães amestrados, ilusionistas, palhaços, e a abrir a 2ª parte (aproveitavam o intervalo para montar a jaula) o excitante número dos leões. Por falar em leões: os meus amigos “menos novos” devem recordar-se do leão Sofala e do chimpanzé Chico, dois dos animais que faziam a delícia da pequenada nos antigos jardins do Palácio de Cristal, hoje Rosa Mota.
Pois! Marta Soares, autarca há dezenas de anos e atual presidente da Assembleia Geral dos Palhaços (perdão, dos Calimeros), acertou-me na memória ROM que tenho na mona, quando disse: “Por isso, aquilo parecia um circo onde andavam uns palhaços e havia o palhaço rei, o palhaço rico, que como se sabe existe no circo”, blá, blá, blá.

Quando ouvi aquilo (sou um espetador atento das flash interview) estiquei as orelhas. Na minha inocência pensei que os Calimeros tinham alugado o Atlântico ao genro do Cavaco, o Luís Montez, para fazerem algum peditório para a construção do pavilhão, mas não. O homem estava a referir-se ao Boavista x Sporting onde “atuou um palhaço, ainda-por-cima “rico!”
Confesso que não sabia que Artur Soares Dias era rico. Já quando Paulo Pereira Cristóvão meteu 2.000 aéreos na conta do Cardinali, também pensei que era para comprar bilhetes para o Circo. Afinal o vice-presidente que também era empregado do Sporting, paralelamente, dirigia uma quadrilha de gatunos e “apenas” queria comprometer o árbitro. Por falar nisso: quando é que o Sporting desce de divisão como o Boavista? Deve ser por isso que o Dr. Fernando Gomes anda tão atarefado e nem tem tempo para vir ao Dragão. Quando sair o veredito do Tribunal, vai ser lindo! Como a porcaria deste Conselho de Justiça da FPF arquivou o processo, ainda vai tudo parar ao Tribunal Arbitral, como se sabe pejado de benfiquistas. Foi para isso que ele foi feito, claro! Para dirimirem assuntos em que sejam “parte interessada”. Fazem sempre “a coisa pelo outro lado”!
Isso sim era um número aliciante para o Circo. Mas há outros que podem apresentar: José Eduardo malabarista de croquetes. Os ex-presidentes processados a tentarem escapar dum tanque de água e libertarem-se dos cadeados, Carlos Barbosa atirador de facas, Dias Ferreira a ler, de cabeça para baixo dependurado num trapézio, o contrato de Jesus, ou Rui Santos numa emocionante Luta de Anões.
Na quinta-feira, depois do empate em Istambul, a coisa correu-lhes bem. Até podem internacionalizar o Circo Calimero por mais algum tempo. Assim o banana se cale porque já anda a meter nojo há muito tempo.

Entretanto tem sido divulgadas cláusulas “leoninas” em vários dos contratos subscritos com jogadores e treinadores. Qualquer advogado estagiário sabe que embora não invalidem o contrato no seu todo, algumas dessas cláusulas são para deitar ao lixo. Não sei porquê palpita-me que vamos ter Circo garantido durante muito tempo. Obrigado banana!

Até à próxima

2 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimo,

Uma correcção: "(...) acertou-me na memória ROM (...)"

deveria estar: acertou-me na memória RAM.


Cumprimentos,
João Moreira

JOSE LIMA disse...

Ok amigo João Moreira
Obrigado pela correção.
Abraço